quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Quando vale a pena imobilizar?

Uma atitude mal empregada pode atrapalhar a recuperação

Para proteger qualquer lesão articular é natural imobilizarmos a região: a deixamos em repouso até não doer mais, quando então pouco a pouco começamos a tentar mexe-la. Apesar de muitos profissionais ainda recomendarem o repouso, a utilização de imobilizadores em caso de lesão articular muitas vezes atrapalha a recuperação.

A primeira coisa a ser feita quando sofremos um trauma articular - depois de por gelo - é sabermos o que realmente aconteceu, se foi uma entorse, se houve fissura ou fratura, ou uma distensão da musculatura. Basicamente o que estamos buscando saber é a natureza da lesão: articular, óssea ou muscular. Muitas vezes podemos ter uma combinação dessas possibilidades.

O Raio-X serve para descartar a possibilidade de fratura, que quando presente, é fundamental a imobilização total do segmento com gesso. Quando não há fraturas, imobilizar talvez não seja a melhor opção. As compressas de gelo vão ser muito importantes nos primeiros dias após a lesão. Quanto mais gelo colocarmos de maneira adequada, melhor.

Já não é de hoje que a fisioterapia moderna em casos de lesões articulares não vê a imobilização em longos períodos com bons olhos, a não ser em casos muito específicos.
A imobilização gera efeitos que não colaboram para a recuperação, como a perda acelerada do trofismo (volume e força) muscular e o surgimento de aderências articulares que vão gerar um período de recuperação mais longo. Hoje se prioriza a mobilização precoce, ou seja, mexer o quanto antes o segmento respeitando sempre a dor.

Então imobilizar um membro por duas semanas ou mais sem que haja uma fratura, só colabora para fragilizar ainda mais a região e gerar um período de recuperação mais longo. A idéia é deixar o membro livre e respeitar o limiar da dor. Em alguns casos não vai ser possível mexer em grandes amplitudes, mas só de sua musculatura ser requisitada a sustentar o peso contra a gravidade, já é uma atitude que preserva a saúde da região e logo contribui para uma recuperação mais rápida.

Mancar, por exemplo, é uma atitude que favorece o desequilíbrio muscular, fragilizando o membro protegido. É preferível diminuir a velocidade do andar e manter o movimento completo da marcha, mesmo de muletas ou bengala.

Mesmo assim imobilizar tem sua função. Quando vamos para a rua, além do aspecto visual de informar a todos que se está contundido, também protege a região de novas lesões em situações de risco. Mas logo que se chega a um ambiente seguro vale à pena retira-lo e favorecer a mobilidade do membro.

Axé

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

É melhor prevenir ou remediar?

As valias de uma sabedoria popular que se mantém apenas em ditado

Ninguém gosta de ficar doente, é claro. Mas parece que, apesar disso, todos esperam a doença para se preocupar com a saúde. Por que é tão difícil investir para não ficar doente ao invés de se desgastar para tratar uma doença já estabelecida?

Na China antiga, o paciente freqüentava regularmente seu médico particular. Para isso, não precisava estar se sentindo mal. A sessão preventiva era um investimento, inclusive financeiro, para estar bem de saúde. O médico só recebia seu pagamento se o paciente estivesse saudável. Quem ficasse doente parava de pagar até voltar a estar com saúde.

Essa proposta me parece fazer mais sentido. Um profissional de saúde trabalha para manter seus pacientes saudáveis e deve ser recompensado por isso. É o oposto do que vivemos hoje, onde a grande maioria dos profissionais de saúde é especialista em doenças e precisa delas para atuar. O sistema de saúde que temos hoje, de forma geral, precisa da disfunção para se fazer válido e, conseqüentemente, não favorece nossa saúde. A verdade é que as doenças movimentam mais dinheiro do que a saúde.

A responsabilidade por mudar essa estrutura não está no profissional, mas no cliente que o procura. Afinal, se todos procurassem profissionais de saúde enquanto estão se sentindo bem para garantirem que continuem assim, no final das contas fariam uma grande economia!

Por exemplo, hoje em dia é comum as famílias gastarem grande parte do orçamento com planos de saúde para “a hora em que alguém precisar”. Há, porém, algo incoerente nesse processo: não aplicamos o dinheiro em um tratamento específico, e sim de forma generalizada. Dentro da estrutura dos planos de saúde, pagamos alto, mas os profissionais recebem radicalmente menos do que o valor de mercado. Procuram, então, atingir certa quantidade de atendimentos por dia para se equivalerem financeiramente, fazendo cair muito à qualidade do atendimento. Com exceção de internações e exames complementares, nos colocamos no famoso jargão: compramos gato por lebre.

Precisamos reconhecer que nosso organismo é um sistema único, indivisível, capaz de, em boas condições, se proteger das agressões do meio ambiente. Esta capacidade chamamos de SAÚDE e devemos direcionar nossa energia para sua MANUTENÇÃO, através de atitudes preventivas que priorizem a harmonia entre todas as estruturas que nos compõem: físicas, mentais, emocionais e espirituais.

Todas as especialidades na área da saúde podem e devem atuar preventivamente. Invista em você e não nos outros: ir ao médico quando está doente é gastar dinheiro; ir ao mesmo médico para manter a saúde é investimento.

Axé.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O mito da proteína

Será que ela é tão importante na nossa alimentação como dizem?

A proteína assumiu um papel fundamental na alimentação da sociedade. Grande parte da população sequer reconhece uma refeição decente se não houver uma considerável porção de carne, seja bovina, suína, de frango, peixe ou as variáveis vegetarianas. Mas será que realmente precisamos ingerir tanta proteína para nos manter saudáveis?

A proteína é uma substância fundamental para o nosso organismo, o que não justifica uma alimentação rica em proteínas.

Se possuirmos os aminoácidos necessários, nosso organismo pode construir as proteínas de que precisamos. Afinal, se trata de nada menos que uma grande seqüencia de aminoácidos. Não é curioso que uma das principais fontes de proteína do ser humano moderno seja o boi, que só come mato?!?

Outro dado relevante é a alimentação dos bebês, quando é preciso produzir muita proteína para o desenvolvimento físico. É na fase lactante que mais aumentamos nossa massa corporal em proporção ao tempo. O leite materno é o alimento completo para essa fase e tem, proporcionalmente, a maior quantidade de proteínas que precisamos em uma refeição.

O que poucos sabem é que essa quantidade é de apenas 2%. Aí fica a pergunta: se, quando realmente precisamos de proteínas, a proporção ideal numa refeição é de 2%, quanto devemos ingerir na fase adulta para manter nossa estrutura? Alguns profissionais recomendam 35%. Parece um exagero, não acha?

É comum ouvirmos o relato de pessoas que tentaram parar de comer carne, por exemplo, e se sentiram mais fracas e sem energia. Como explicar essa reação? A resposta é simples: se estamos ingerindo uma substância regularmente, mesmo que ela nos faça mal, nosso organismo se adapta e, em sua falta, reage. Chamamos essa reação de síndrome da abstinência, comum no processo de parar de usar drogas. Nem por isso dizemos que as drogas nos fazem bem!

Já existem pesquisas que comprovam que uma dieta rica em proteínas gera uma grande quantidade de radicais-livres no processo de sua quebra em aminoácidos. Os radicais-livres são responsáveis pela oxidação do nosso corpo e aceleração do envelhecimento.

Precisamos construir proteínas em nosso organismos e, para isso, é fundamental ingerirmos os aminoácidos essenciais, que não conseguimos sintetizar em nosso organismo. Uma alimentação rica em grãos, verduras, legumes e frutas crus é suficiente para adquirirmos os aminoácidos de que precisamos.

É importante diferenciar o que realmente precisamos para nos alimentar do que comemos para satisfazer a vontade de um gosto específico em busca do prazer. Afinal, ninguém acha que está se alimentando quando come chocolate ou toma uma cervejinha, e nem por isso deixa de fazer! A mesma relação pode ser desenvolvida com as proteínas.

Axé.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Musculação faz bem?

Entenda como essa forma de exercício vem sendo mal aplicada

As academias de ginástica hoje têm um papel fundamental em fazer o corpo de muitos funcionar. Por questões práticas ainda temos nas academias a ginástica localizada e a musculação como atividades principais. Mas será que essas formas de se exercitar fazem realmente bem ao nosso corpo?

Ambas atividades tem como objetivo principal muscular o corpo, ou seja, através de exercícios repetitivos – muitas vezes de musculaturas isoladas – produzir uma hipertrofia da musculatura, aumentando os seu volume e conseqüentemente sua força. Uma através de aparelhos e outra com exercícios de solo, sempre usando pesos como resistência.

Sem dúvida é importante termos músculos potentes para que nosso corpo tenha função plena. Mas não recomendo a musculação e nem a ginástica localizada como atividade física principal. Não vejo que um corpo seja o mais saudável o quão mais forte ele for. Até porque com a quantidade de pesos que se tem disponível hoje em dia, a partir de certa carga o trabalho pode passar a ser lesivo a saúde.

Não existe nenhum movimento funcional do corpo que se requisite um único músculo a 100% de sua potência. Todos os movimentos do corpo são realizados por grupamentos musculares sinergistas que requisitam no máximo 60% da potência de um determinado músculo. Uma atitude sábia da natureza para preservar a musculatura e evitar lesões por sobrecarga.

Os movimentos naturais do corpo são feitos em combinação nos três planos – frontal, sagital e horizontal – resultando em movimentos em espiral, por isso sempre requisita um grupamento muscular. Na musculação a maioria dos exercícios se utiliza de movimentos retos em um só plano.

Mas isso não quer dizer que a musculação ou a ginástica localizada não sejam necessários. O que estou questionando é como utilizar essas formas de se exercitar. Como fisioterapeuta, por exemplo, utilizo regularmente os dois recursos no processo de reabilitação de lesões. Chamamos de Cinesioterapia e Mecanoterapia. Outra forma de se utilizar esses recursos é como exercícios complementares para atletas que querem melhorar seu desempenho e também como forma de retardar a osteoporose em pessoas de meia idade.

A questão é que hoje a maioria dos praticantes de musculação não são pacientes em fase de recuperação e nem atletas buscando chegar ao pódio. Em sua maioria são pessoas que vem na musculação uma forma rápida e eficaz de desenvolver um visual para seu corpo se adequar a certos padrões de beleza a qualquer preço e esforço. Para esse fim até que a musculação funciona, mas posso garantir que não tem nada a ver com saúde, só estética. Muitas vezes acaba sendo um forte elemento para se adquirir lesões dos mais diferentes tipos.

Imagine o seguinte, duas pessoas que decidem incorporar uma atividade física em sua rotina. Cinco dias por semana, duas horas por dia. Um escolhe andar de patins e o outro escolhe a musculação. Cinco anos se passam e o que temos: De um lado um exímio patinador que além de estar em forma, bonito, com pernas fortes, boa condição cardiovascular ainda domina a arte de patinar, de frente, de costas, pula... O outro certamente está só fortinho.

A musculação é um exelente recurso terapêutico se bem aplicado, mas indiscutivelmente não representa uma atividade física completa que gera bem estar e saúde. Ccaso seja escolhida como atividade regular por questões práticas ou mesmo por gosto, deve ser complementada com pelo menos o mesmo tempo gasto nas máquinas em alongamento e também em condicionamento cardiovascular para realmente funcionar em benefício da saúde.

Axé.