quarta-feira, 30 de julho de 2008

Machucou, doeu? Quente ou frio?

Bem aplicados, esses recursos podem ser de grande ajuda.

A aplicação de gelo ou calor em uma região machucada é um recurso tradicional que funciona e muitas vezes ainda é a melhor opção. Mas é importante sabermos como e quando aplicar esses recursos para que sejam realmente eficazes.

Ambas são abordagens que dão condição para nosso corpo se recuperar de forma simples e natural. Ajudam o processo de auto-cura poupando energia, tempo e até dinheiro, além de ser mais saudável do que a maioria dos medicamentos com seus efeitos colaterais devastadores.

Se for bem aplicado, o gelo pode, por exemplo, evitar as marcas roxas decorrentes de um pancada e acelerar o processo de recuperação de lesões articulares e musculares. Qual é o mecanismo desse processo?

Imagine um lago calmo e tranqüilo de água parada que quando atiramos uma pedra criamos um movimento que vai se espalhando em ondas até mexer o lago inteiro. Uma lesão no corpo pode ser vista da mesma forma, ela acontece num ponto e vai se espalhando, crescendo para depois de um tempo o corpo começar a se recuperar.

Quando aplicamos o gelo de forma adequada, congelamos o lago e impedimos que a onda se espalhe. Ou seja, constringimos a circulação na área impedindo que a lesão cresça nesse momento inicial. Quanto menor a lesão final, mais rápido nosso corpo consegue se recuperar. O gelo também congela as terminações nervosas tirando parte da sensibilidade superficial, aliviando temporariamente a dor.

Já o calor, como devemos imaginar, cria um efeito inverso. Aumenta a circulação na área e consequentemente relaxa os músculos. Nesse caso funciona muito bem quando o aplicamos em dores por tensão muscular, como uma contratura muscular, dores na lombar, torcicolos e até cólicas.

O gelo deve ser aplicado sempre após contusões articulares ou musculares por entorses ou estiramento. Quando temos a idéia de que algo vai inchar, o gelo aplicado corretamente pode reduzir e até impedir esse inchaço.

As dores de pinçamento nervoso, como um torcicolo ou as famosas “travadas” na lombar pedem calor úmido. Uma boa forma de aplicar seria uma bolsa de água quente coberta por uma toalha molhada com água quente também. Com a umidade o calor penetra melhor na pele e consegue carrear o calor até os músculos tensos. Essa aplicação deve ser feita em repouso é claro.

Já o gelo para realmente funcionar, primeiro tem que ser gelo mesmo, não use bolsas de gel, elas não conseguem manter a temperatura por tempo suficiente. A melhor opção é um saco plástico ou essas bolsas emborrachadas próprias com gelo moído – para melhor se acomodar à região lesionada. Associado ao gelo deve-se impor uma leve pressão constante – uma atadura elástica é indicada – e se possível mantenha a área machucada acima do coração para assim reduzir o inchaço.

Devemos manter as aplicações de 15 a 30 minutos de acordo com a área lesionada e com intervalos de uma hora, quanto mais aplicarmos melhor. Em caso de dúvida não deixe de procurar um profissional para melhor instruí-lo. Espero que todos nós tenhamos sabedoria para evitar que aconteçam essas situações traumáticas, mas como até Mestre vacila...

Axé.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O Diafragma tem que funcionar!

Não respiramos como deveríamos mas podemos alterar esse padrão.


Respirar é a chave para a saúde. O padrão respiratório que apresentamos determina em nós diversos desequilíbrios corporais. É através da respiração que devemos iniciar o processo para alterarmos nossa condição.

Todos nós respiramos, é óbvio. Mas apresentamos padrões diferentes, de acordo com nossa história física e emocional. A respiração é a melhor forma de adquirirmos energia tanto em matéria como em espírito. O principal músculo da respiração é o diafragma, músculo grande, grosso, forte, em forma de disco que faz a divisão entre o tórax e o abdômen.

Por ser o músculo principal da respiração, ele é responsável também pelas manifestações emocionais através do grito e do choro entre outras. É comum quando criança aprendermos a conter o choro segurando a respiração. Como o choro e o grito, por exemplo, hoje não são bem vistos pela sociedade em geral, tendemos a desenvolver um diafragma reprimido, enrijecido, sem força e mobilidade.

Acontece que 80% da ventilação do pulmão é responsabilidade do Diafragma que fica próximo a maior área a ser ventilada dos pulmões, sua base. Para auxiliar o diafragma nos últimos 20% da capacidade respiratória dos pulmões, temos o que chamamos de musculatura acessória, que fica situada próximo a parte superior dos pulmões, na região do peito e do pescoço.

Se o diafragma não consegue realizar seu papel adequadamente, como em uma rigidez emocional, sobrecarregamos os músculos acessórios. Esse é o início de uma série de desequilíbrios no corpo que vamos carregar até o final de nossas vidas e que não contribuem para uma boa saúde.

Quando sobrecarregados, os músculos acessórios vão se enrijecendo, aumentando a tensão na região do pescoço, comprometendo a vascularização e inervação da cabeça e dos braços. Logo um ciclo vicioso se forma: ao criar uma respiração curta e tópica trabalhando com só 20% da área a ser ventilada, os músculos sobrecarregados são cada vez mais requisitados e assim sucessivamente.

Quando o Diafragma não funciona adequadamente, também diminuímos a pressão que deveria ser feita a cada respiração na região abdominal, comprometendo o funcionamento normal dos intestinos e aumentando a tensão da musculatura na região lombar. Devemos sempre procurar estimular o diafragma para ir liberando as tensões que nele ficam.

De dor de cabeça, passando por torcicolo, tendinites nos ombros e punhos, de gastrite, prisão de ventre a hemorróida, dores no ciático, nos joelhos e joanete. Tudo tem sempre um componente na restrição da mobilidade do Diafragma, direta ou indiretamente. Não é a toa que terapias milenares como a Yoga ou Qi Gong, tem a respiração como ferramenta princial.

Faça o teste pra ver que tipo de padrão você utiliza na respiração. Deitado com a barriga pra cima, dobre os joelhos, apóie os pés os chão, coloque uma mão no peito e outra na barriga e observe o movimento do tronco na respiração através das mãos.

Quando inspirar, a mão que está sobre o abdômen deve subir primeiro que a sobre o peito. Este movimento representa um padrão respiratório mais saudável. Caso você perceba o contrário, utilize o próprio teste como exercício e vá criando a intenção de expandir primeiro a barriga e região lombar na inspiração.

A dica pra se resgatar a atividade do diafragma está em respirar fundo. Mas atenção, pois uma respiração saudável e profunda não se inicia numa forte inspiração puxando bastante ar e sim numa expiração consciente, soltando todo o ar que está nos pulmões, para depois renovar o ar com uma inspiração profunda mas sem esforço.

Reaprender a respirar é um dever de todos. Soltar o ar é extremamente saudável e gera muito prazer. Todo fumante que perceber que fumar é também uma forma de respirar fundo estará mais próximo da possibilidade de independência do vício.

Axé.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Como eu como?

Tão importante quanto o quê comer é a maneira que comemos

Diante de uma enorme variedade de opções, pesquisas apontam os alimentos mais indicados para emagrecer, engordar ou simplesmente se manter saudável. No entanto, tão importante quanto a qualidade do quê se come é entender como e quando ingerir cada tipo de alimento.

A combinação dos alimentos potencializa as refeições. Pouca gente sabe que as frutas não devem ser comidas como sobremesa. Devemos comê-las sozinhas sem misturá-las, de manhã, à noite ou nos intervalos entre refeições. Outra idéia é que ao invés de montarmos um prato com um pouco de tudo, o ideal é separar os alimentos por família: carne e salada, arroz e batata, massa etc. Essa divisão favorece a digestão.

Beber durante as refeições é um hábito muito comum e nada saudável. As principais funções da bebida são ‘empurrar’ a comida mal mastigada para dentro sem entalar e aliviar sensação de muita pimenta ou sal – além de aumentar a conta no restaurante, é claro! De qualquer forma, beber suco, refrigerante ou até mesmo água durante as refeições atrapalha o processo de digestão e engorda.

Se mastigarmos bem o alimento – no mínimo trinta vezes – e saborearmos de verdade cada garfada, não sentiremos falta de bebida nas refeições. Outra dica é simplesmente respirar enquanto mastigamos. Apesar de aparentemente óbvio, repare que muitos tendem a inspirar somente entre garfadas. Para não se asfixiarem, engolem a comida sem mastigar o suficiente!

Na vida corrida de hoje em dia, comer com calma faz uma grande diferença para nossa saúde. É necessário um tempo para a informação de satisfação sair do estômago e chegar ao cérebro. Comendo muito rápido, fatalmente ingerimos mais do que precisamos.

O tipo de comida para cada momento do dia também tem grande importância para nossa alimentação. Requisitar muita energia para a digestão logo antes de dormir é um péssimo hábito e pode acabar com o descanso da noite. Ao acordar, é sempre preferível o jejum ou a ingestão de líquidos leves e frescos como sucos, água ou chá. Algumas horas depois, então, devemos comer uma coisa leve. A refeição principal deve ser o almoço ou a janta – se for cedo, por volta de 18h, para dar tempo da comida ser bem processada.

Outra dica é comer entre as refeições. Um lanche saudável e sem exageros funciona muito bem para diminuir a fome e evitar comer demais no almoço ou no jantar. A conta é: comemos mais vezes durante o dia, mas menos quantidade no total.

A cultura moderna de refeições fartas, com uma grande variedade de alimentos, não é nem um pouco natural. Se levarmos em consideração que cada alimento passa por diversos processos até chegar à mesa – da extração à preparação – não seria interessante matar um boi e ainda colher arroz, feijão e batatas para o almoço. Menos ainda se de noite comêssemos tudo diferente. Só mesmo o supermercado nos proporciona esse luxo. Mas será que nosso organismo segue as leis do supermercado? Ou da natureza?

Axé.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Pilates para os nossos pilares!

Entenda o diferencial de um método que fortalece nossa estrutura

Quem ainda não ouviu falar de Pilates? Do que se trata essa novidade que vem ganhando cada vez mais adeptos? Usa aparelhos de molas e é bom para perder barriga – é o que vulgarmente se diz sobre o Pilates. Mas a técnica não é tão novidade assim: foi criada no início do século passado pelo alemão Joseph Pilates. nos últimos 10 anos, porém, vem ganhando popularidade e reconhecimento mundial.

Pilates é uma técnica de fortalecimento dos músculos do corpo que trabalha consciência corporal, coordenação motora, equilíbrio e flexibilidade. Seu criador o batizou com o nome técnico de Contrologia, que remete a controle. O fortalecimento da musculatura postural, de sustentação, é o grande diferencial dessa técnica em relação à musculação e à ginástica localizada, por exemplo. Seus princípios de abordagem e entendimento corporal desenvolvem e mantêm nossa estrutura física mais saudável.

Pelo entendimento do Pilates, todo corpo precisa ter atenção ao seu centro: o tronco, eixo onde fica a coluna e nossos órgãos vitais. Para tanto, trabalha as articulações isoladas para depois integrá-las. A respiração e a posição da coluna vertebral têm papel fundamental nessa técnica, que busca, entre outras coisas, a ativação de toda a musculatura abdominal. Não é a parede do Reto Abdominalmúsculo dos tão almejados “gominhos” – que é exercitada, mas as três camadas musculares da barriga.

Apesar de ser uma técnica de fortalecimento, o Pilates não usa peso. Em seu lugar, molas, com diferentes níveis de tensão, criam resistência sem impacto nas articulações. A força é trabalhada em dobro a cada movimento, na ida e na volta. Os aparelhos podem resistir ou dar assistência, cobrindo a reabilitação e o desafio. Mais um ponto interessante é o trabalho de fortalecimento e alongamento juntos, fundamental para o resgate da saúde do corpo.

Outro princípio importante do Pilates é a atenção do professor ao aluno. Cada pessoa tem uma história e conseqüentemente uma necessidade específica. É essencial que o professor conheça esses pontos para ter condições de trabalhar individualmente cada um. É por isso que as aulas de Pilates devem ser individuais ou em turmas de no máximo quatro alunos.

O Pilates supre uma grande necessidade do ser humano moderno. Praticado duas ou três vezes por semana, é um excelente exercício para quem quer recuperar a saúde, ou pode ser um trabalho complementar para atletas de ponta.

Existem aspectos fundamentais para nossa saúde, no entanto, que essa técnica não trabalha, como o condicionamento cardiovascular. O ideal é complementá-la com outra atividade aeróbica: caminhada, bicicleta, natação...

Qualquer técnica tem valor se aplicada por profissionais competentes e atenciosos. Não é porque existe uma plaquinha escrita Pilates que quer dizer que funcione. É comum nos momentos de boom surgirem os “Pilantras”, mais preocupados com o retorno financeiro do que com a saúde de seus clientes.

Procure sempre saber o nível de formação do profissional, siga as recomendações de quem você confia e – mais importante do que tudo isso – sinta se os exercícios estão sendo prazerosos para seu corpo e sua mente.

Com disciplina e paciência no Pilates, seus pilares se fortalecem e dão sustentação para sua estrutura se manter erguida durante bastante tempo.

Axé.


Joseph Pilates aos 57 anos em 1937

Joseph Pilates aos 82 anos em uma sessão de esxercícios.

Uma aula comtemporânea de Pilates


terça-feira, 1 de julho de 2008

Estalar é bom ou ruim?

Saiba o que está por trás de um som que gera alívio e aflição

Todos nós já estalamos os dedos, o pescoço ou qualquer outra parte do nosso corpo. De propósito ou sem querer, esse barulhinho muitas vezes vem acompanhado de um grande alívio, mas pode também ser sinal de problemas. O que fazer, então? Estalar ou não estalar, eis a questão!

O que é o estalo que ouvimos em nossas articulações? Esta pergunta é difícil de responder porque, na verdade, somos capazes de produzir diferentes tipos de estalidos, e cada tipo pode representar algo totalmente diferente.

De forma geral, o estalo – como o que ouvimos em nossos dedos quando os forçamos – é produzido pelo movimento do líquido sinovial, que fica dentro das articulações. Esse estalo não faz mal e em muitos momentos vem associado ao resgate da amplitude de movimento da articulação. Aquela mítica de que estalar engrossa os dedos não é real. O que os engrossa é o rompimento dos ligamentos, situação que pode trazer um estalo associado.

O estalar terapêutico é um produto dos ajustes articulares praticados por terapeutas manuais como quiropratas, osteopatas, acupunturistas e fisioterapeutas, entre outros. É comum quando liberamos o movimento de uma articulação. Faz bem, é saudável e, muitas vezes, necessário. Mas isso não quer dizer que, para resgatar a mobilidade articular, precisemos sempre ouvir estalos.

É um mau sinal quando uma articulação está sempre se restringindo e “pedindo” um estalo. Significa que existem tensões crônicas nessa área que deveriam ser tratadas. Prender e soltar repetidamente desgasta a articulação, principalmente nas vértebras, que têm pontos articulares pequenos e delicados.

Existem pessoas que não estalam nada. Isso pode acontecer por alguns motivos: porque são pessoas com restrições articulares e musculares tão fortes que não conseguem liberá-las; porque são muito flexíveis e é difícil chegarem ao ponto da restrição articular; ou ainda porque não têm fixações articulares presentes, o que é muito raro e seria o ideal.

Existem também outros tipos de estalos. Aquele tornozelo, ombro ou joelho que faz um estalido a cada mexida pode estar apresentando sinal de que alguma coisa está “fora do trilho”. Uma articulação desalinhada pela tensão da musculatura correspondente pode gerar esse tipo de estalido crônico. Essa articulação deve ser tratada antes que o desgaste seja irreversível.

Temos ainda a crepitação, som próprio de articulações já em fase de degeneração crônica. É a chamada artrose, que mais parece um conjunto de estalidos finos – ou uma articulação cheia de areia. Nosso corpo pode também produzir estalos quando quebramos um osso, ou quando arrebentamos um ligamento ou tendão – situações extremamente doloridas e desagradáveis.

Agora já podemos decodificar melhor a sinfonia osteo-articular que acontece em todos nós: estalos, estalões, estalidos e crepitações. Lembrem-se de que mais importante do que o som é o contexto em que é produzido e a sensação que vem associada.

Axé.