terça-feira, 27 de maio de 2008

Investindo na mente

Meditação, uma aplicação sem risco e com retorno garantido

Estamos nos tornando seres demasiadamente mentais. Fruto de um estilo de vida mentalmente ativo e fisicamente preguiçoso, nosso corpo não rende como poderia. Utilizamos o pensamento para inventar coisas que nos proporcionem mais conforto e que não requisitem tanto esforço do nosso – hoje quase inútil – corpinho.

Esse tipo de mentalidade gera um maior desuso do corpo e uma grande sobrecarga mental, fatores extremamente prejudiciais à saúde. Mais atentos à saúde física, já estamos ativando o corpo de forma gradual e regular. Mas, e a mente? Como compensar a sobrecarga de informações e estímulos que sofremos todos os dias? Seria bom se ela tivesse um botão de liga/desliga. Porém, mesmo quando dormimos, nossa mente está em constante atividade.

As férias aparecem como uma saída, mas a questão é: como fugir do estresse? Descansar do trabalho? Da família? De tudo e de todos? Comprar uma passagem para Marte, talvez? Ir para o mato ou para uma praia deserta pode funcionar, mas teríamos que intercalar um mês de trabalho com outro de descanso para realmente dar pé. Só que as férias representam, no máximo, 1/12 do ano!

Nos outros onze meses, lembre-se de uma prática milenar, que pode ser praticada em qualquer lugar, todos os dias, sem custo algum. A meditação é capaz de aguçar e acalmar a mente, descarregando o excesso de informações. Existem inúmeras técnicas e nosso objetivo é entender o princípio básico que as norteia.

Reservar cinco minutos por dia para zerar a mente é um gesto simples que pode aumentar significativamente nossa qualidade de vida. Imagine que, assim como temos um momento para comer, tomar banho, escovar os dentes etc., doemos cinco minutos diários para nossa mente.

Experimente – numa posição confortável, em pé ou sentado, nunca recostado ou deitado –, fechar os olhos, entrar em contato, sentir o coração bater, barriga e tronco encher e esvaziar, saliva descer pela garganta. Perceber-se e não pensar em nada: isso já pode ser chamado de meditação.

Apesar de simples, essa tarefa não é inicialmente tão fácil. Ficar cinco minutos sem pensar em nada pode ser árduo para nós, seres humanos modernos. E é com perseverança e disciplina que conquistamos qualquer coisa. Meditar é tão importante nos dias de hoje quanto comer, fazer cocô ou xixi.

Os efeitos da meditação são excelentes. Além de acalmar o oceano de informações que existe em nossa cabeça, também exercitamos o foco – capacidade que, depois de elaborada, pode ser direcionada a qualquer tipo de atividade, melhorando sempre nosso desempenho.

Não se cria um hábito de um dia para o outro. Depois de um tempo de prática, sua mente instintivamente pedirá esse tempo e a sensação de renovação se ampliará. Meditar de vez em quando já é legal; chegar a trinta minutos por dia é uma conquista que vale mais do que qualquer quantia aplicada. Esse investimento é só de tempo, não há riscos de perda e você nem precisa economizar dinheiro para começar.

Experimente e faça uma boa aplicação!

Axé.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Comida dá “onda” e vicia?!

Uma reflexão sobre o efeito, raramente notado, dos alimentos em nosso comportamento.

Não é novidade que, quando tomamos umas cervejinhas ou uma dose de vinho, sentimos um “barato”. Também é muito compreensível utilizarmos o efeito do café quando estamos com sono. Qualquer substância que ingerimos altera nosso organismo. Você já parou para notar a reação do seu corpo à ingestão de alface, leite, pão ou carne, por exemplo?

Poucos estudos são feitos sobre o assunto. Parece que a preocupação com a comida em nossa sociedade é sempre reduzida ao paladar ou à quantidade de calorias ingeridas.

Estar com fome, ou em processo de digestão, já interfere em nosso humor. Algumas pessoas ficam irritadas quando não comem no horário habitual, enquanto outras preferem o estômago vazio para se concentrar no que fazem.

Há algum tempo, assisti a uma experiência com jogadores de xadrez num programa de televisão. Antes da partida, dois pratos foram servidos: macarrão ao molho branco e carpaccio com salada. Cada jogador recebeu uma das refeições e, no dia seguinte, inverteu-se o cardápio. Quem comeu macarrão, independentemente do dia, ficou confuso, demorou mais para raciocinar entre as jogadas e perdeu a partida. Interessante!

Podemos nos submeter a experiências alimentícias. O primeiro passo é variar mais a alimentação, apesar de ser difícil quebrar certos padrões. Por exemplo, é inegável que, de forma geral, somos viciados em farinha de trigo processada, aquela branquinha. Quem não reage com água na boca ao cheiro de um pãozinho recém-saído do forno? A farinha está presente em quase tudo que se consome na alimentação moderna. Aí fica a pergunta: qual será a “onda” que a farinha de trigo processada dá na gente?

Para tirar a prova, devemos passar ao menos uma semana sem comer determinado alimento – no caso, a farinha –, suportar a síndrome de abstinência que se desencadeará e, com o organismo limpo dos resíduos, experimentá-lo novamente. Fique atento às alterações que ocorrerão em seu comportamento.

Se você, porém, não estiver disposto a ir tão fundo na experiência, simplesmente observe seu nível de disposição e suas reações emocionais antes e depois de diferentes tipos de refeição. Outro caminho é tentar lembrar o que comeu num dia emocionalmente intenso – o exercício pode ser revelador. Acredite: a comida tem maior influência em nossas atitudes do que imaginamos.

O campo de observação é grande, já que, cada vez mais, só pensamos em comer, comer e comer – por necessidade fisiológica, social ou afetiva. O ser humano adotou o ato de comer como um dos mais regulares de sua fisiologia. Hoje é comum, para não dizer totalmente normal, pessoas que comem mais vezes por dia do que fazem cocô! No mínimo, isso gera um acúmulo considerável de detritos em nosso organismo. E não deve dar uma “onda” lá muito boa...

Por experiência, podemos dizer que todo alimento tem seu “barato” e gera um efeito diferente em cada um de nós. Uma vez atentos a essas mudanças, podemos escolher melhor o quê e quando comer. Assim, otimizamos nosso desempenho nos momentos adequados para nos sentirmos mais felizes e satisfeitos com tudo e todos que nos rodeiam.

Bom apetite!!!

Axé.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Mecânicos do corpo

Toda máquina precisa de manutenção, inclusive você.

Todo mundo que compra um carro sabe que, mais cedo ou mais tarde, visitará o mecânico. Se não fizermos revisões periódicas, corremos o risco de ficar na mão. Nosso corpo funciona do mesmo jeito, e a maioria das pessoas cuida melhor de seu veículo do que de seu próprio corpo.

Nosso organismo também pode ser visto como uma máquina – muito mais sofisticada do que qualquer outra já desenvolvida pela mente humana. Todas as células do nosso corpo se renovam em sete anos. É como se nosso carro fosse capaz de, automaticamente, produzir e trocar as velas, os filtros, o óleo, os pneus etc. Um sonho!

Mesmo assim, nosso corpo se desgasta, tende a se desalinhar e aos poucos ir se deformando sob o efeito da gravidade. O estilo de vida moderno não ajuda. Repare que, como os pneus de um carro desalinhado, muitas vezes gastamos mais um lado do sapato do que o outro, ou começamos a ouvir um barulhinho novo no joelho.

Não cuidamos tão bem do corpo como deveríamos. Por sermos uma máquina tão especial, acreditamos não precisar de atenção e cuidado. Mas ninguém quer ser deixado na mão pelo próprio corpinho. Então por que não realinhamos periodicamente nossa bacia? É o que fazem os quiropratas e osteopatas, profissionais especializados em tratar da coluna e demais articulações do corpo.

Nos Estados Unidos, recomenda-se visitar um quiroprata pelo menos uma vez por ano para garantir um corpo mais saudável. A intenção é prevenir a população de hérnia de disco e artrose, desgaste das articulações, entre outros males.

No Brasil, os “mecânicos do corpo” não são muitos e acabam sendo privilégio dos poucos que reconhecem sua necessidade. O quiroprata e o osteopata são capazes de tratar as dores agudas e crônicas que surgem nas articulações, além de fazerem a manutenção de que toda máquina precisa para não deixar ninguém na mão!

Recomendo que você procure um bom mecânico para o seu corpo e vá fazer uma revisão antes que apareça uma “rebimboca da parafuseta” solta na sua bacia. Corpo, nós só temos um. Não dá pra trocar. Ou você conhece algum anúncio de compra e venda de coluna? Quem sabe um ferro velho?

Axé.

domingo, 11 de maio de 2008

Ainda sobre a cadeira...

Será que ainda não inventaram nada melhor do que a cadeira?
Há uma opção que há mais de dez anos funciona bem em meu consultório: a Bola Suíça.

Para quem não conhece, Bola Suíça é uma bola de borracha cujo tamanho varia entre 35 e 95 cm de diâmetro e suporta até 300 kg. Usada em tratamentos fisioterápicos e também no Pilates, é bem mais interessante para a saúde da coluna do que qualquer cadeira.

O suporte que a Bola Suíça nos oferece é relativo. Por isso, ao sentarmos, naturalmente adquirimos uma postura melhor. Sem pés ou encosto, ela gera uma instabilidade que tem de ser compensada pela atividade de nossa musculatura postural – como se estivéssemos de pé. Precisamos produzir uma força axial interna, de baixo pra cima, e estar num certo grau de alerta para não cair.

Depois de algum tempo sentado na bola, você provavelmente sentirá as costas cansarem. Esse incômodo, fruto de um processo inicial, mostra quão despreparada está a musculatura.

Quando as costas reclamarem, alongue-se – ou, pelo menos, dê uma espreguiçada na própria bola. Depois se levante, beba uma água e torne a sentar. Repita o processo ao sentir as costas cansarem novamente. Com o tempo, a musculatura vai se fortalecendo e ganhando resistência. A sensação de cansaço diminui de freqüência e o intervalo sem incômodo aumenta progressivamente. Nada mal pra quem, na cadeira, seguia no sentido oposto em relação à saúde das costas. Mais uma dica: quicar levemente na bola ajuda a manter as costas eretas e os músculos atuantes.

Você deve encontrar a Bola Suíça na maioria dos lugares que vendem objetos ortopédicos. Um detalhe importante para a implementação da bola como cadeira é a relação de seu diâmetro com a altura da mesa.
Experimente! Quem disse que bola é só pra jogar?!

Axé

terça-feira, 6 de maio de 2008

Cadeira, a muleta moderna

De grande invenção humana à vilã de nossa coluna

Uma das condições mais comuns da vida contemporânea é passar a maior parte do tempo sentado. Salvo alguns de nós, que desenvolvem atividades em que é necessário se movimentar, o ser humano hoje vive praticamente sentado. Porém, nosso corpo não foi feito para sentar! A afirmação é forte, mas verdadeira.

A cadeira e seus derivados – poltronas, sofás, alguns bancos etc. – são grandes vilãs da saúde física do ser humano. Você já parou para pensar que sentamos para comer, sentamos para nos locomover, sentamos para trabalhar, sentamos para descansar, sentamos para quase tudo? De bípedes, estamos nos tornando seres “sentadípedes”.

A posição sentada não favorece nossa biomecânica, enfraquece os músculos das costas e pernas, aumenta a pressão na região lombar e fragiliza os joelhos, além de dificultar o retorno de sangue das pernas para o coração. Isso quer dizer que não devemos mais sentar? Podemos optar por passar menos tempo sentados e criar atitudes de compensação.

Antes de inventarem a cadeira, a posição de cócoras era muito mais utilizada do que hoje em dia. Por que, por exemplo, fazemos cocô sentados? Não lhe pareceria mais natural de cócoras, não tivesse o vaso sanitário a forma de um banco? Além de aumentar a pressão na região abdominal e favorecer a expulsão das fezes, fortaleceríamos e alongaríamos os músculos das pernas – sem contar a economia de papel higiênico.

Mas não tente de agora em diante ficar sempre de cócoras, a não ser que você ainda esteja nos primeiros dez anos de vida. Seu corpo já não deve mais estar preparado. É necessário passar por um processo até resgatar esse movimento de forma saudável.

Que tal, então, adquirir uma postura mais adequada na cadeira? Aí vai a dica: os pés devem ficar bem plantados no chão, recebendo o peso do corpo e possibilitando que nos levantemos, a qualquer momento, sem muito esforço. O encosto deve ser evitado ao máximo, assim mantemos a tensão da musculatura das costas, necessária para a saúde da nossa coluna vertebral. Sentar adequadamente é estar em pé com um leve apoio na bunda – ou melhor, nos ísquios, os ossinhos da base da bacia.

Claro que depois de ler esse texto você já deu aquela ajeitadinha na cadeira. Só não se esqueça de fazer isso também no restaurante, no cinema, na frente da televisão, lendo jornal, no carro, no ônibus etc. Ufa! O pior é que quem inventou a cadeira estava tentando fazer um bem pra humanidade!
De fato, o problema não está na cadeira, mas em nós, preguiçosos, que não vivemos mais sem ela!
Axé.