Quem tem um joelho ‘bichado’, um tornozelo frágil ou um pulso ‘aberto’ provavelmente usa algo para dar mais firmeza quando vai exercer alguma atividade física. Cuidado! Pois essa estabilidade não é real e gera dependência, podendo fragilizar mais a região. Como isso funciona?
Nosso organismo tem como lema a economia energética acima de tudo. Ou seja, se comemos demais, guardamos o excesso (gordura); se não usamos um músculo, ele vai diminuindo até sumir (atrofia); se uma articulação não se mexe, vai enrijecendo até colar (aderências).
Algumas reações aparentemente não nos favorecem, mas nosso corpo não leva em consideração as circunstâncias externas do dia-a-dia, e sim as prioridades fisiológicas celulares em prol da sobrevivência do organismo como um todo.
Assim, um estabilizador, como as joelheiras e tornozeleiras de neoprene, em primeira instância estabiliza o segmento fragilizado por uma lesão e o ajuda na execução dos movimentos. Para o organismo, existe algo que está fazendo o papel dos músculos adjacentes – reais responsáveis pela estabilização – e isso já é suficiente pra que a musculatura da região vá relaxando e diminuindo.
O uso indiscriminado desses artefatos – que, em princípio, têm a função de ajudar - fragiliza a região. A articulação cada vez precisa mais daquele instrumento externo para se sentir estável, até o momento em que o segmento já está num déficit muscular tão avançado que o próprio estabilizador já não dá mais vazão.
Mas isso não significa que os estabilizadores não prestam e devam ser jogados fora. Existe um momento na recuperação de lesões que o uso de um estabilizador pode ser aplicado para dar mais segurança. Não faz mal usá-los para retomar determinada atividade. Mas é imprescindível abrir mão do aparelho assim que encerrar o exercício - e não utilizá-lo em sua rotina.
Usar o estabilizador para tarefas como andar, comer e ver televisão é muito prejudicial. Mais uma vez, o paradigma: mais importante do que o quê estamos usando é como aplicamos o uso.
A estabilização deve ser feita pela própria musculatura. Através de exercícios específicos, conseguimos recuperar a estabilidade natural para diferentes atividades. Por exemplo, devemos exercitar a musculatura dos dedos e antebraço para tratar de um “pulso aberto”; quem tem um joelho instável precisa fortalecer a coxa, ao passo que o trabalho para um tornozelo frágil é feito na perna. Para mais esclarecimentos, procure um profissional de confiança.
Axé.

